sexta-feira, 2 de maio de 2014

Perfil literário de Augusto dos Anjos e Analise do poema pscicologia de um vencido



Perfil literário de Augusto dos Anjos

   Augusto dos Anjos possui um caráter sombrio e enigmático. No entanto seus poemas têm influências de varias estéticas entre elas a do simbolismo, naturalismo e ecos do Parnasianismo por isso deve ser visto como um fenômeno isolado mesmo que seu livro tenha sido publicado no Pré-modernismo.
   Suas poesias contem divagações metafísicas e a expressão de uma angustia existencial no seu soneto mais conhecido ele dirigiu-se aos leitores para afirmar a impossibilidade de uma feliz. O amor, tão caro aos românticos, é visto com ceticismo pelo autor, pois ele buscava retratar a realidade daquela época por mais que fosse de forma negativa.
   Na linguagem ele utiliza a ciência para melhor definir suas preocupações com a origem da angustia moral. Por isso seus versos apresentam termos como psicogênese, trama neural, carbono, sinergia, entre outros. Por essa razão muitos críticos destacaram o mau gosto do vocabulário como um dos defeitos do autor.

Poema: Psicologia de um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e retilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A infância mà dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca de uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme- este operário da ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!


Analise do poema
   O poema descreve as ações do eu e do verme. O eu somatiza o drama existencial, enquanto o verme arquiteta silenciosamente a destruição final do eu. O vocabulário científico, tomado principalmente à química e as imagens repulsivas reforçam a natureza perecível e finita do homem. Segundo o mesmo, tudo fatalmente se arrasta para o mal e para o nada. Nesse poema Augusto dos Anjos mais uma vez revela a sua negatividade existencial revelando que todo o ser humano sucumbirá na decomposição do corpo, mas que o ser humano de certa forma não aceita esse fim. Revela através do poema que para ele há apenas a dimensão material, não acreditando em alma ou espírito.
  Os sentimentos presentes no poema são: tristeza, pessimismo, repugnância, dor, conformismo, angústia, materialismo e pavor da morte.A primeira estrofe o eu-lirico demonstra que é filho da matéria simples, que sofrerá do começo ao fim e até mesmo o universo conspira contra o seu favor.  Sendo que na segunda estrofe o poeta parece estar em um hospital que represente o mundo, um ambiente onde há tristeza e que tem muitas pessoas que desconhecem sua própria dor, e tentam justificar seu infeliz fim.Enquanto na terceira  e quarta estrofe ele descreve o verme e informa uma pequena guerra entre a vida e o verme, mas que no fim o verme ganhará ao informar que o mesmo “há-de deixar-me apenas os cabelos,” verso presente na quarta estrofe.

Biografia de Augusto dos Anjos
Augusto dos Anjos (1884-1914) nasceu no engenho "Pau d'Arco", na Paraíba. Filho de Alexandre Rodrigues dos Anjos e de Córdula de Carvalho Rodrigues dos Anjos. Recebeu do pai, formado em Direito, as primeiras instruções. Augusto dos Anjos ingressa na Faculdade de Direito do Recife em 1903 e em 1907, formado em Direito, retorna a João Pessoa, capital da Paraíba, onde passa a lecionar Literatura Brasileira, em aulas particulares.   Nesse mesmo ano casa-se com Ester Fialho e muda-se para o Rio de Janeiro. Durante sua vida, publica vários poemas em jornais e periódicos. Em 1912 publica seu único livro "EU", que causou espanto, nos críticos da época, diante de um vocabulário grotesco, na sua obsessão pela morte: podridão da carne, cadáveres fétidos e vermes famintos. Em 1914, Augusto dos Anjos é nomeado Diretor do Grupo Escolar Ribeiro Junqueira, em Leopoldina, Minas Gerais, para onde se muda. Nesse mesmo ano, depois de uma longa gripe, é acometido de uma pneumonia. Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos morre em Leopoldina, Minas Gerais, no dia 12 de novembro de 1914.

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